Tempo de Advento

    Renovar em nós o Dom de Deus na Casa do Pão (Belém)

    O congresso Eucarístico Nacional deste ano teve por tema “Pão em todas as Mesas” e lema “Repartiam o Pão com alegria e não havia necessitados entre eles”. Na mensagem de abertura Dom Fernando Zaburido Arcebispo de Olinda e Recife, lembrou as palavras de Dom Helder Câmara: “ Não podemos adorar o Corpo de Cristo na Eucaristia se somos indiferentes ou coniventes com os mecanismos sociais que jogam o mesmo Corpo de Cristo que são os pobres nas sarjetas do mundo. Nas horas de maior glorificação do Santíssimo Sacramento peçamos a Cristo a graça de nos unir a todas as pessoas de boa vontade para lutar de modo pacifico, mas corajoso pela libertação dos oprimidos do mundo inteiro, ou melhor, pela libertação de Cristo esmagado no íntimo dos sem vez e sem voz”.  O comungar e participar da casa do Pão nos convida a uma continua conversão, a uma configuração profunda com Aquele a quem recebemos e adoramos e a transformar o nosso coração em um coração semelhante ao Dele que é ternura e fidelidade, misericórdia e compromisso. São as entranhas do Senhor que se estremecem ao escutar o clamor do povo que sofre, que desce ao seio virginal de Maria e revela à humanidade o seu rosto compassivo e misericordioso, que se faz Carne e habita no meio dos seus, tornando-se um deles humilde e amoroso buscando todos os meios para fazer-se presente na vida do seu povo. Doravante ninguém está sozinho, todo grito de dor, de fome, de abandono é escutado por ele.

    No livro do Gênesis lemos o texto que relata o grito de dor do filho de Agar: “Sara viu que o filho que Abraão tinha tido com a egípcia Agar estava brincando com seu filho Isaac. Então ela disse a Abraão: “Expulse essa escrava e o filho dela, para que o filho dessa escrava não seja herdeiro com meu filho Issac”. Abraão levantou-se de manhã, pegou pão e um cantil de água e os deu a Agar; colocou a criança sobre os ombros dela e depois a mandou embora. Quando acabou a água do cantil, ela pôs a criança debaixo de um arbusto e foi sentar-se na frente, a distância de um tiro de arco. O menino começou a chorar. Deus ouviu os gritos da criança, e o anjo de Deus, lá do céu, chamou Agar, dizendo: “O que é que você tem, Agar? Não tenha medo, pois Deus ouviu os gritos do menino que aí está. Levante-se, pegue o menino e segure-o firme, porque eu farei dele uma grande nação”.  Deus abriu os olhos de Agar e ela viu um poço. Foi encher o cantil e deu de beber ao menino(Gn 21, 9-19). O choro do menino e a dor de sua mãe expressam toda a dor da humanidade que é capaz de comover o coração de Deus. Deus é capaz de ouvir o humanamente inaudível e de ver o que a nós nos ocultam as aparências. Deus escuta a voz do menino e deste menino, ameaçado pela morte, Deus fará um grande povo e fará brotar do deserto uma torrente de água viva. A misericórdia de Deus é fonte de liberdade, de encontro, de alegria, de perdão e de festa, e é a garantia da recuperação da própria identidade. Contemplamos então o humano como rosto divino, a ternura é o mais próprio, o mais íntimo de Deus, é também o mais próprio e o mais íntimo do homem (Navidad el Rostro de la Misericordia, Luis Solà Segura Monje de Poblet).

     Renovar em nós o dom de Deus e manter viva a chama do amor eucarístico é de certa forma manter abertos os olhos para poder enxergar a verdadeira fonte da água viva que pode saciar a sede e a fome dos sedentos e famintos. A Eucaristia é o sacramento da unidade, da fraternidade, da comunhão, poderíamos dizer que Nela encontramos o antidoto para o ódio, a violência, a agressividade, a discriminação e a fome, pois Ela é partilha, é o verdadeiro alimento, e ao aproximarmos da Casa do Pão e fazer a refeição nós também nos tornamos alimento para saciar a fome do povo que quer pão na sua messa, que quer vida, que quer respeito e inclusão. Maria rainha da paz e de olhar atento, mãe da ternura e da misericórdia seja nossa companheira para nosso querido Belém.

    Que o Senhor nos conceda um abençoado e frutuoso tempo de advento.

    Estela Moreno Monsivais - noviça.

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